quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

As milícias e o batalhão ROTAM

Bem se diz que é o exemplo que educa. O que aconteceu no Rio de Janeiro está servindo de cartilha para alguns elementos da valorosa Polícia Mineira. Existem e sempre existirão corruptos, elementos que preferem a via mais rápida de enriquecimento e poder, em órgãos que representam o poder legítimo. Isto inclui ministérios, secretarias, prefeituras e polícia.

Mas é na Polícia que este mecanismo tem uma peculiaridade. Os policiais trabalham na fronteira do que é ilícito, do que é sórdido, do que nos é nojento. Um secretário, um ministro trabalha com a tentação das propinas, mas elas não tem, em primeiro plano, o aspecto sórdido do homicídio, da agressão direta ao corpo, da venda do vício. Já o policial vê a agressão ocorrendo, troca tiros, vê sangue, vê a quebra do amor fraterno, pois é chamado para brigas em família com uso de facas e até armas de fogo.

Ninguém consegue trabalhar alheio ao significado de seu ofício

A costureira vê em tudo uma "trama" de tecido e uma lógica de armação. O engenheiro vê em tudo um sentido de construção. O comerciante vê em tudo a lógica de compensação entre lucros e gastos. Então, que lógica que vocês acham que o policial vê ? Ele deve ver em tudo, numa simples briga até, a sordidez da existência humana. Ele tende a descrer do valor humano, e é por isso que os policiais passam por cursos de sociologia. Candidatos a delegado fazem curso de direito.

A natureza humana

Se o leitor quer ter uma introdução da natureza, leia o livro que trata, com excelência, deste assunto: a Bíblia. Inquestionável que Ela é melhor que os livros de psicologia de Freud, que também tem seu valor.

O "peso" maior nas decisões humanas é a preguiça, até antes do prazer. Se o ser humano percebe que o prazer auferido é muito inferior ao esforço que terá que ser feito para alcançá-lo, ele esquece este prazer. Se esta percepção estiver embotada, é porque o prazer já é vício. E se o prazer passa a contar mais do que qualquer coisa, ele já é um psicótico e não sabe, ou sabe e já se conformou.

Se, no entanto, o tempero, como o sal, é jogado sobre a mistura de preguiça e prazer, tempero este que se chama dever, mesmo um pouco pode superar a preguiça e se sobrepor ao  prazer. Tendo o Policial como maior "bandeira" o dever, está tudo sanado.

O dinheiro e o ganho fácil

Onde entra o dinheiro na tríade preguiça/prazer/dever. Ele entra como facilitador, catalisador para o prazer. Muitos se enganam, achando que muito dinheiro traz o prazer. Chamam este prazer de felicidade, mas estão enganados, pois a felicidade só se dá em um enorme terreno horizontal, repleto de realizações pessoais, renúncias, ganhos e perdas.

E o Policial com uma formação de caráter deficiente aliada à uma escolha pela via mais rápida, é seduzido antes pelo poder do que pelo dinheiro.

O poder

A raiz da ânsia pelo poder é muito simples e pode ser resumida pela frase:

Queremos repetir com os outros o que nossos pais fizeram conosco

Claro. Não tem outra raiz senão aquela "pequena pressão" que nossos pais exerceram sobre nós. E se esta pressão não foi medida e bem dirigida, para a formação da identidade diferenciada de quem a estava formando, vira desejo de oprimir. Então devemos deixar de educar nossos filhos ? Claro que não. É impossível para nós deter o rumo da natureza. Resta tentar fazer bem feito, com conhecimento.

Conheço um caso em que uma garotinha de menos de dois anos colocou quatro coleguinhas de castigo no hotelzinho onde fica. É a ânsia natural de poder que o ser humano pode ter em si, em magnitudes variáveis.

Continuando nosso assunto, o Policial vive dentro de uma percepção de possibilidade de poder sobre as pessoas muito grande. Para descambar rumo a opressão, pouco custa. E ele tem um ajudante. O criminoso lhe dá exemplos, com sua vida cercada de bens obtidos de forma fácil, sem trabalho árduo, continuado e persistente, produtos de roubos e assassinatos.

E então vem a imprensa, condenar este profissional que vive a beira do risco físico e psicológico. Muitos policiais cometem suicídio, muitos enlouquecem ou não conseguem ter uma vida em paz no lar, produto do contato direto com a sordidez da natureza humana. Para o jornalista é fácil "meter o pau", pois vivem de notícia e não se aprofundam no conhecimento da causa. Erram dados e proferem julgamentos.

Os políticos

Para o político também é fácil. Falam em extinguir o batalhão ROTAM. Fácil, não. Deu um problema com posto de saúde, desativa. O povo fica sem posto, pois o político usa hospital de luxo. Deu um problema com policial, extingue batalhão.

Todo belorizontino sabe do valor do batalhão ROTAM. O homem de bem dá a eles valor, pois vive condignamente e paga muito imposto. Quem vive na ilegalidade é que não gosta.

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